No mês de maio, embarquei junto com minha família para
uma viagem à Fortaleza, no Ceará. Talvez nunca estivemos com tanta vontade de
compartilhar momentos desde a nossa primeira viagem nesse ano, para comemorar o
aniversário da minha mãe.
É incrível o que as viagens fazem com a gente! Você pode
levar a maior mala do mundo que jamais ela caberá toda a bagagem na volta. Isso
porque além das lembrancinhas das feiras de artesanato, dos quitutes regionais,
você pode trazer o mar, a sensação de pisar na areia, a brisa batendo no seu
rosto, centenas de pessoas que você nunca havia visto antes, a sensação de
liberdade de andar de buggy nas areias. É impossível não voltar carregada de
energia positiva. É impossível também não ficar curioso com as estórias que se
cruzam nos aeroportos.
Viajar é se deixar ser invadido pelo mundo! É despir a
alma para novas experiências. Nada é mais terapêutico do que viajar. Muitas
vezes as pessoas viajam para se envolver nessa terapia fora da rotina para colocar
as ideias no lugar. Se a intenção é essa, funciona! A gente sempre volta
diferente do que fomos de uma viagem.
Fortaleza é o destino brasileiro mais longe que fui de
Lagoa da Prata. Eu estava lá nos dias que mais notícias “bombas” sobre a
política no Brasil estouravam. Dinheiro sujo que mais uma vez passavam pela
lava jato. Quantias de reais que parecem
fantasias. Políticos eleitos por gente humilde, trabalhadora e que confiou em
promessas vazias. Gente que tem tão pouco que fazer filhos para ganhar o
benefício da Bolsa Família é considerado negócio lucrativo.
Visitando o nordeste, além de depararmos com as
maravilhas da natureza, nos deparamos com crianças disputando resto de comida
dos outros em restaurantes. Vemos crianças de dez anos vendendo balas às vinte
e duas horas. Uma ainda me contou que não tem pai e que ele é quem sustenta a
casa enquanto a mãe cuida dos filhos menores. Estuda de sete às onze horas e
começa a trabalhar ao meio dia. O trabalho infantil é descarado no nordeste.
Sei que também encontramos com ele por aqui. Mas lá, é quase uma regra.
Enquanto discutem a reforma da previdência e não fazem nada por essas crianças,
deveriam ao menos contabilizar o seu tempo de serviço! É ridículo, eu sei!
Essa é a parte triste da viagem. Não pode ser ruim porque
sempre aprendo com essas vivências. Precisamos sempre agradecer as
oportunidades que temos, seja a de conhecer o famoso Beach Park ou a
oportunidade de ver como vivem os cearenses menos favorecidos.
Fato é que não se pode ter paz vendo criança jogada na
rua, sendo arrimo de família e se alimentando de restos.
Na minha bagagem, trouxe tudo isso! E também trouxe
aquela sensação de leveza que se tem quando você está em família.
Em cada viagem, seja ela fora ou dentro de mim, tenho
mais certeza de que sou de carne e osso: humana! Amo viajar. Amo ser só uma turista no meio da
multidão, que me livra dos julgamentos rotineiros. Amo me dar à oportunidade de
relaxar. Amo o concreto e o abstrato que trago na volta. Minha sugestão é que
você viaje. Seja nas palavras dessa crônica, seja na música que você gosta,
seja de carro ou de avião. Viaje e amplie a sua bagagem!
Raquel Ribeiro
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